Essa é uma afirmação verdadeira. E promete ser um dos assuntos em discussão na próxima Feira do Livro de Frankfurt, como afirma Edward Nawotka em seu blog Publishing Perspectives.
No post, Nawotka inseriu o depoimento de Richard Charkin, diretor executivo da Bloomsbury no Reino Unido:
There is this contention that digital publishing is significantly cheaper than print publishing. Of course there are some savings, but there are additional costs too, and the core costs of selecting, acquiring, supporting an author, editing, designing, financing, selling, promoting, collecting cash and distributing it back to the author remain much the same.
E ele está certo. Ter um eBook, ainda mais quando ele não vier acompanhado mais da versão impressa, implicará em quase todos os mesmos custos do que um livro impresso. Notem que, mesmo concordando com isso, não concordo que o preço de um eBook no Brasil seja o que é hoje. Alguns títulos chegam a custar mais caro em eBook do que impresso, incluindo aí o frete. Assim já é demais. Concordo com preço justo, não abusivo.
Não é honesto cobrar preços absurdos apenas porque é um produto mais novo ou porque ainda há pouca demanda. Isso acaba sendo um círculo vicioso. E mais uma coisa. Nenhuma empresa ainda está trabalhando em divulgação massiva de seus eBooks, e por isso mesmo os custos com marketing ainda não podem ser incluídos.
Logicamente, uma editora pode recorrer a agências indianas ou de outras nacionalidades – até brasileiras – que cobram preços irrisórios por cada eBook. Entretanto, isso não significa que sairá barato, pois o preço será cobrado no futuro. Livros pobremente “convertidos” não prezam pela qualidade, não passam por revisão e não têm neles inserido qualquer melhora do arquivo físico para o digital, nenhuma vantagem.
O resultado disso é a venda ruim do título, já que o leitor não vai querer qualquer porcaria, e logo para de comprar. Então, quando todas as editoras estiverem com ePubs e eBooks de qualidade nas prateleiras virtuais, a editora que só pediu uma conversão irá ter de refazer todos os seus livros digitais para atender à demanda no futuro e conseguir competir com eBooks mais caprichados.
Stella é claro que produzir um e-book profissional não é barato, mas compará-lo ao preço dp livro impresso é exagero, pois o livro impresso além de todos os cuidados que também tem no e-book (editoração, diagramação, revisão, divulgação…) também acumula os gastos de impressão, matéria prima e logística.
Fora isso, vemos que a tendência do novo mercado de e-book está pendendo para as grandes livrarias on-line, o que pode baratear alguns custos tanto em questões técnicas de gastos com servidores, como em publicidade, já que haverá parceria de divulgação editora-livraria.
Concordo totalmente!
Stella me corrija se eu estiver errado. Apesar de ser um raciocínio simplista, acredito que ele nos dê algumas pistas. Concordo com o colega acima que a produção profissional de um e-book demanda diversos custos, dentre eles direitos autorais, editoração, diagramação, revisão, publicidade e etc. Vamos supor, hipoteticamente, que os custos de direito autoral sejam da ordem de 20%, editoração mais 10%, revisão mais 10%, diagramação mais 10%, publicidade mais 10% e por final, a matéria prima e impressão na ordem de 30%, refletindo o custo total de um livro.
A rigor, se formos colocar na balança todo esse custo inicial exigido na confecção de um livro, podemos inferir que esse valor inicial é completamente absorvido com a venda de um número X de exemplares. Acredito que nessa cadeia de produção, apenas o autor receberá os direitos autorais, considerando novas tiragens do material, além do custo da matéria prima destinada a impressão, isso no caso dos livros físicos. Já as outras etapas, não menos importantes, como editoração, tradução e etc…, já foram remuneradas pelos profissionais contratados da editora.
A partir disso, surge na minha cabeça um abismo intransponível acerca dos valores injustificáveis praticados pelas editoras. O livro no formato digital não exige matéria prima / impressão / logística. Os custos muitas vezes do livro digital é praticamente zero, em se tratando de um PDF, que já foi anteriormente diagramado para o formato de impressão, quando muito, um novo valor a ser agregado traduzirá uma versão adaptada ao formato ePub ou outro equivalente.
Isso demonstra apenas uma coisa: lucro. Se houvesse uma transparência maior por parte das editoras, talvez nós consumidores teríamos valores mais condizentes com a realidade de um país de terceiro mundo. Suponha-se que o custo total de um livro seja na ordem de 50 mil reais (chutei hipoteticamente esse valor) e que foram vendidos 100 mil exemplares ao custo de R$ 50,00. A editora arrecadou com a venda dessa obra algo em torno de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões). Este valor, por maior que seja, já liquidou todo o custo inicial de produção do livro, bem como subsidiou os valores destinados a remunerar a matéria prima, impressão e logística. Ainda nos resta uma sobra colossal. A partir disso fica apenas uma pergunta: Por qual motivo as editoras não revertem essa sobra (milionária) no barateamento do valor desses mesmos livros? Isso considerando que ainda vão receber, mesmo que num custo menor, a remuneração pelos mesmos livros e que lhes proporcionará o famigerado lucro, que aliás, revela o único objetivo de grande parte das editoras…
Bom acho que é isso. Parabéns pelo post.
Forte abraço.
Suas questões são muito válidas, e as ideias tamém. Creio que existam custos dentro de toda essa cadeia que a gente acaba não conhecendo, mas tenho certeza de que os livros digitais poderiam sim, ser bem mais baratos…
Stella, num primeiro momento é até mais caro, porque nós, os profissionais estamos nos adaptando a este formato e acabamos demorando mais para fazer um e-book do que um livro impresso. E outra questão, óbvia, é que as editoras não vão canibalizar o próprio mercado. Vã ilusão a nossa achar que daqui a pouco ebook vai custar R$ 1,99 considerando seu hipotético valor de produção. Deve ser mais barato que o impresso, sim, por todas as razões já ditas neste post, mas não vai ser nenhum negócio da china não.
interessante o raciocínio logístico dos colegas. Mas a produção em sí também passa por necessidades preocupantes. Os aplicativos que transformam um word ou pdf e um epub projetado para ser epub.