Experimentar é uma das palavras-chave do mercado editorial digital. Aqueles que experimentam mais erram mais, mas quando acertam, acertam primeiro e podem usufruir dos ganhos antes de todos. Uma nova experiência que pode dar bons resultados é a publicação serializada, livros que são publicados em partes, ou coleções, etc.
O site Publishing Perspectives saiu hoje com uma ótima matéria falando a respeito de autores, editoras e empresas que estão apostando com sucesso nesse método.
Nem todas as séries são iguais, no entanto. Enquanto você pode encontrar muitos praticantes da série tradicional, que era conhecida por Dickens – escrita em parcelas sobre os prazos e tendo em consideração o feedback público – os autores estão também fatiamento seus trabalhos completos em segmentos como ferramenta de marketing.
Ferramenta de marketing? Interessante. Manter o público interessado publicando pedaços do trabalho, de forma compassada e com prazos definidos, como uma novela, um seriado de TV. Parece bom?
Claudia Hall Christian tem seguido a linha da escrita de ficção em série desde 2008. Sua programação da escrita exige que ela produza 25 mil palavras por mês. Ela diz: “ficção em série é uma forma de arte … ficção serial é difícil. Os prazos nunca vão embora. Você não tem uma pausa e, se você for bom, os leitores ficam implorando pela próxima parte. Alguns dos autores de ficção científica têm escrito séries por 10 anos ou mais. Isso é simplesmente incrível.”
Christian categoriza os leitores de ficção de série de três maneiras:
- Pessoas que lêem partes a cada dia;
- Pessoas que preferem ler em forma de capítulo, e às vezes leem os livros de compilação;
- Pessoas que lêem em forma de livro.
Christian diz que há um considerável cruzamento entre os grupos. “Muitas das pessoas que leem todos os dias gostariam de comprar os livros impressos. Pessoas que leem livros acabam se convertendo para a leitura diária quando são pegas pela história.”
Ou seja, bem antes do início do sucesso dos livros digitais já haviam autores sobrevivendo de ficção serial. Eles escrevem em blogs, em sites, ou até em fanzines. Imagine esse sucesso potencializado pelo mercado editorial digital. Esse sucesso com autores sendo corretamente agenciados por boas editoras.
O romancista independente Roz Morris lançou seu romance de 100.000 palavras em setembro de 2011, dividido em quatro exemplares de 25 mil palavras no Kindle por 99 centavos cada. Agora que o romance completo está disponível, ela diz que está vendendo melhor do que os episódios. “Eu não acho que os episódios foram terrivelmente convenientes. As pessoas parecem gostar da versão impressa, ou dizem-me que compraram um episódio ou dois e então decidiram que queriam todo o romance em versão impressa.”
Um leitor classificou o romance de Morris com apenas uma estrela, justificando que ele tinha interferido com sua experiência de leitura. Mas o leitor admitiu que ele tinha twittado e blogado sobre o livro com muito mais frequência do que teria se tivesse sido lançado como um volume.
As pessoas afirmaram não ter gostado do romance em capítulos, mas leitores que compraram um ou dois deles preferiram a versão impressa. Assim, Morris ganhou mais dinheiro e as pessoas puderam experimentar o livro gastando menos antes de adquirir toda a versão impressa. Não vejo desvantagens nisso.
O fundador da Smashwords, Mark Coker, observou dezenas de milhares de eBooks independentes lançados pela sua editora e serviço de distribuição. Ele diz que muitas vezes as séries são ruins para o leitor.
“O feedback dos leitores solidificou meu sentimento contra esta prática. Livros como uma unidade ou um pacote de mídia funcionam bem na forma longa, e os leitores em geral querem envolver-se na experiência da leitura de forma longa”. Coker diz que isso se aplica a todo o comprimento de romances dividido em pedaços após a conclusão, ou trabalhos em andamento.
Coker tem sua experiência baseada em pesquisas que realizou em seu próprio serviço, mas isso não necessariamente significa que ninguém gosta de leituras em série. Na Amazon, para Christian, dá certo. A Smashwords, via de regra, não comercializa eBooks inacabados. Assim também…
Sediada no Reino Unido a empresa Fiction Express experimenta as vendas de periódicos, até o momento com um grupo de seis autores. O trabalho é publicado capítulo por capítulo, e os leitores votam a cada semana sobre o que eles acham que deve acontecer em seguida. Os leitores pagam de 39 a 49 pence para ler cada parcela. Eat Your Serial é outro serviço que autores podem usar para oferecer parcelas de seu trabalho para os leitores, embora para a prestação do serviço (que inclui a edição), o site fica com uma parte do produto se você vender ou assinaturas de leitores ou o trabalho realizado para uma editora. DiscoverLit é uma outra plataforma de distribuição, ainda em versão beta e apenas por convite, que promete entregar as ferramentas para que autores obtenham lucro no trabalho em série.
Está aí mais uma ótima oportunidade. Permitir que os leitores interfiram no andamento da história é algo que só pode ser feito se você possui um trabalho seriado. Isso aumenta o engajamento do leitor com a obra, causa mais divulgação e dá mais lucro ao autor, que pode ir recebendo aos poucos o lucro de seu trabalho.
Confira a matéria toda no site do Publishing Perspectives.