Retrospectivas costumam ser chatas. Para quebrar a mesmice, o Revolução eBook pediu para alguns profissionais do mercado de ebooks comentarem qual fato ou acontecimento lhes chamou a atenção em 2012. Os leitores também, sintam-se convidados a registrar na seção de comentários o que acharam mais marcante este ano.
“Um fato interessante que talvez tenha passado um pouco despercebido neste ano, ou talvez não se tenha dado tanto valor, foi o hardware usado na leitura digital ter finalmente alcançado e também superado o suporte papel em gramatura, leveza, tamanho e legibilidade. Há muito tempo que o mercado discutia se os leitores/consumidores/usuários iriam preferir ler os livros em equipamentos maiores [como os netbooks, ultrabooks, tablets, e-readers, etc.] ou em um equipamento mais portátil e multifuncional como o smartphone. Finalmente o peso dos desktops e o tamanho da tela dos celulares foram superados pelos tablets. Pelo menos três gadgets alcançaram o papel no quesito portabilidade: o Galaxy Note II da Samsung, o Kindle Fire HD da Amazon e o iPad Mini da Apple. Poderíamos afirmar que 2012 foi o ano em que o hardware de silício superou o hardware vegetal na leitura dos livros.”
“No setor da produção o que marcou o ano foi a progressiva melhora das ferramentas de produção. A chegada do Indesign CS 6 que mesmo que com poucas melhoras respeito ao CS 5.5 está a indicar que o progresso das ferramentas de produção é constante e permitirá em breve tempo uma produção de livros digitais no formato ePub bem mais simples. O Sigil, software Open Source usado na produção de ePub melhorou muito este ano, e apresenta muitas novas ferramentas que facilitam a produção. Também o lançamento do BlueGriffon Epub Edition indica que as empresas estão acreditando no mercado de produção de eBooks. Este ano a Simplíssimo organizou o primeiro curso sobre HTML5 e ePub3 para editores e interessados no assunto. Foi um primeiro passo, mas que marcou o inicio de uma divulgação em nível mais popular destas novas tecnologias. O que pude notar, sobretudo nos cursos de produção que fazemos, foi uma maturidade maior dos profissionais. As questões não eram mais de tipo polêmicas, “quem vai desaparecer”, mas do tipo prático “como fazer isto”. Cresceu também a consciência de que o livro digital é um produto diferente do livro impresso. Ainda é algo que está germinando, mas a chegada dos grandes players no mercado brasileiro acelerou bastante isto.”
“O maior destaque no mercado de livros digitais foi a chegada quase conjunta de Apple, Google, Kobo e Amazon ao Brasil.
A entrada dessas gigantes mudou a dinâmica da venda de e-books – a concorrência aumentou, o que em pouco tempo deverá promover o aprimoramento da tecnologia dos dispositivos de leitura (aparelhos melhores e economicamente mais acessíveis). Além disso, o consumidor passou a ter mais facilidade para comprar e-books e acesso a um catálogo ampliado de títulos.
Acho que 2013 vai ser o ano do e-book no Brasil. Aguardemos!”
“Saímos da pré-história do livro digital, com a entrada dos concorrentes internacionais no mercado. Mas o que mais me chamou atenção, em 2012, foi o blackout de ebooks na Livraria Cultura. O servidor onde ficavam os ebooks pifou e o backup morreu junto – porque o backup estava no mesmo aparelho. A pane durou vários dias e deixou ebooks de várias editoras brasileiras longe das prateleiras virtuais. É o tipo de evento que define como foi a pré-história do livro digital no Brasil – gente trabalhando com muita vontade, e bastante improviso também. Esse tipo de problema, eu espero, não deve se repetir no futuro.”
“Assistir o trabalho com ebook finalmente começar a ser visto e valorizado e, por isso, começar a exigir profissionais preparados em um momento em que há pouquíssimas formas de os profissionais se prepararem. É interessante ver o início de um mercado, o início de profissões que serão fundamentais para todo o mercado muito em breve. “