Durante os dois dias do Congresso, vamos publicar alguns resumos das apresentações do III Congresso do Livro Digital CBL. A palestra de abertura foi proferida por Young Chi, Presidente da International Publishers Association, chamada Perspectiva para o Livro: hoje e amanhã. Veja também o resumo desta palestra escrito pela Stella Dauer.
A palestra foi bastante objetiva, um começo promissor para o Congresso. Young Chi trabalha com livros digitais há 15 anos, tendo começado a lidar com isso em 97 quando trabalhava na Ingram, nos tempos do Rocket Book.
Ele iniciou com uma visão comparativa entre a impressão e o digital. Na sua visão, ao invés de uma revolução, o que está acontecendo é uma evolução. A impressão trouxe uma explosão de publicações, novas comunidades de leitores, mais democracia na leitura, mais leitores e autores. A mesma coisa ocorre hoje: explosão nos livros auto-publicados por autores, novas comunidades através das diversas redes sociais, um número crescente de leitores e autores focados no digital e uma democratização da leitura através de novas ferramentas colaborativas (como a Wikipedia).
A velha definição de editora era aquele envolvido com impressão de livros. A partir de agora, será aquele que inova na conexão do autor com o leitor, levando a informação certa ao leitor apropriado.
Content-based experience. O valor do conteúdo bruto irá continuar a cair com a abundância. Exemplo é a partida de futebol. Você pode assistir o jogo em casa, pela televisão. Mas a experiência de estar dentro do estádio é muito diferente – a multidão, os gritos da torcida, a proximidade do campo. Há camadas de experiência que as pessoas podem experimentar, além do conteúdo em si.
O valor percebido (não o valor real) do conteúdo está caindo. Há conteúdo “razoável” ou “bom o bastante” de graça na Internet. As editoras são capazes de discernir o bom, do razoável, o razoável do ótimo. As editoras já operam em um sistema global, assumindo vários riscos além da curadoria do conteúdo/livro por si só: o gerenciamento dos direitos dos autores, investimentos variados em produção e distribuição de conteúdo, sempre antecipados em relação às receitas, que chegam depois e lentamente. As editoras desenvolvem soluções baseadas em conteúdo.
O progresso envolve riscos. Mal funcionamento de sistemas, pirataria e roubo de conteúdo, brechas e vazamentos das informações sigilosas dos clientes. Há novos modelos de negócio em desenvolvimento: aluguel de ebooks; ebooks como serviço (visão de software, SaaS); assinaturas.
As perguntas se concentraram mais em questões sobre a extensão dos livros, Young Chi acredita que é possível o conteúdo narrativo longo continuar vivo, desde que ele não pareça longo e seja quebrado em pequenos pedaços – citou alguns exemplos, como o Mangá, que traz histórias longas mas quebradas em fragmentos menores, mais adaptados ao consumo das gerações mais jovens.