O Brasil não é um exemplo mundial quando o assunto são os livros digitais. A estimativa é de que estamos três anos atrás de grandes mercados como o norte americano. Entretanto, 2012 promete ser o ano em que as coisas realmente irão acontecer, e por isso apresentamos aqui um apanhado sobre a tecnologia – tanto de aparelhos como de formatos – utilizada no Brasil.
Até o momento, o formato mais utilizado para eBooks no Brasil é o PDF, o que é uma lástima. Como todos sabem, o PDF não é um formato de documento indicado para livros digitais, pois se lido em um dispositivo móvel nota-se grande desconforto, uma vez que não é possível redimensionar o texto, mudar a diagramação ou ainda trocar a cor do fundo.
Entretanto, o ePub vem crescendo exponencialmente nas livrarias online. É possível dizer que mais da metade do acervo já é disponibilizado nesse formato. Há também algumas lojas e editoras que oferecem outros formatos, como o Mobi e até o antigo PRC.
As editoras estão aderindo ao formato padrão e, após certo tempo, já começam a perceber que o formato mais indicado é o ePub. Poucas editoras contam com equipes internas para desenvolvimento dos eBooks, e por isso estão surgindo muitas empresas que, entre outros serviços, oferecem a conversão dos catálogos.
Os livros aplicativo, geralmente desenvolvidos para iPad, são até o momento uma exceção no mercado. Além de o comércio de tablets não estar em seu auge no Brasil, o custo para a produção de um livro interativo ainda é muito alto no país. Com preços que variam de RS14 mil a R$30 mil (entre US$8 mil e US$17 mil), apenas grandes editoras estão se aventurando nesse caminho. É o caso da Editora Globo, com Reinações de Narizinho de Monteiro Lobato e da Editora Melhoramentos com O menino da terra de Ziraldo. Mas esse acervo interativo deve crescer em 2012.
Para que o livro digital se popularize, é necessário que existam dispositivos para a leitura digital de fácil acesso – tanto econômico quanto tecnológico. E esse, infelizmente, também não é o caso por aqui. A interface mais utilizada para a leitura de eBooks no Brasil é o tradicional PC, seja desktop ou notebook. De acordo com dados da FGV, eram 60 milhões de computadores em uso em 2011, e serão 100 milhões em 2012. O principal local de acesso à internet é a lan house (31%), seguido da própria casa (27%) e da casa de parente de amigos, com 25%. Ao todo, 87% da população brasileira já está conectada.
Os smartphones são a segunda fonte de leitura digital, seguidos por tablets e, por último, os eReaders. Essa diferença em relação a outros países está no custo. O preço dos computadores caiu bastante nos últimos três anos, e muitas famílias puderam adquirir um. Entretanto, tablets e eReaders possuem preços assustadoramente altos e ficam fora de alcance de grande parte da população.
Mas, falando nos aparelhos portáteis, já encontramos vários modelos de tablets por aqui. Além do popular iPad, empresas como Motorola, Samsung, RIM, ZTE e Asus oferecem seus aparelhos para venda. Empresas brasileiras também possuem aparelhos próprios, como o Positivo Ypy e o Multilaser Elite, mas alguns deles são produtos importados da China que apenas levam a marca brasileira.
Quando falamos de eReaders, a situação fica péssima. São apenas alguns modelos disponíveis, que perdem feio em qualidade para os melhores e mais baratos disponíveis nos Estados Unidos. São aproximadamente seis aparelhos de tinta eletrônica, e alguns são tão fracos que não merecem a compra. Além do Positivo Alfa, brasileiro, temos oficialmente dois modelos da iriver, o Story e o Cover Story. Um dos primeiros a chegar ao mercado foi o Cool-ER, da falecida Interead, que é vendido até hoje por aqui. O Kindle é oficialmente enviado para o Brasil, e rumores informam que seu preço poderá chegar a R$199 (~US$115), o primeiro que seria vendido a menos de US$200 por aqui.
O grande vilão dos preços altos são os impostos. No Brasil, a taxa de importação para aparelhos eletrônicos chega a ser de até 60%. E mesmo quando os aparelhos são fabricados no Brasil, como é o caso da Samsung – e, futuramente, Apple –, impostos sobre componentes e outros itens acabam encarecendo demais os aparelhos. Temos no Brasil os preços mais altos do mundo em relação aos produtos da Apple, por exemplo. Enquanto o modelo mais simples de iPad custa US$499 nos Estados Unidos, é vendido no Brasil por R$1629 (~ US$943).
A situação dos eReaders é ainda pior. A baixa demanda e os altos impostos fazem com que um aparelho de leitura fabricado no Brasil – o eReader Positivo Alfa – seja disponibilizado a R$799 (~ US$462), enquanto que um Kindle – de qualidade superior – pode ser adquirido por US$79 nos Estados Unidos . Uma diferença gritante.
Há projetos de Lei que tramitam no governo Brasileiro e que visam diminuir o valor de aparelhos como tablets e eReaders. A Lei, entretanto, não sai, e os produtos continuam muito caros, importados ou não.
Nesse ano, é esperado que bons ventos tragam um crescimento no mercado tecnológico em geral. Mais tablets serão adquiridas, e a possível chegada de empresas como Amazon, Google Books e Kobo, prometem esquentar bastante o mercado de livros digitais.
Nossa Stella, depois que li mais esta excelente postagem, fiquei sem saber se gritava de desespero, chorava de raiva ou xingava os que travam toda a coisa.
Acabei optando por registar algo de minha indignação, espanto e vergonha.
A primeira coisa que salta à minha frente, é que o governo e sua cúpula, tudo fazem para dificultar a cultura, o conhecimento e a conscientização da grande massa deste país.
O que mais pode ser?
A tal “ficha limpa” deveria forçar e ter alguma influência nesse sentido. Mas infelizmente sou incrédulo nesse sentido.
De que adianta “a minoria consciente” mudar em quem vota, trocar de legenda, enfrentar “PMs” e coisa e tal, se é lá na meio da “tribo engravatada”, que as coisas são decididas, resolvidas e mantidas?
Só para se ter uma ideia, no meu caso em particular, pesquisei entre mais ou menos 100 pessoas do meu convívio familiar, mais o de amizade e também entre os mais chegados, e descobri que apenas eu possuo um eReader.
A maioria disse ser caro, ou ser supérfluo, ou vão esperar ficar mas barato, etc.
Ora, dessa maneira, e com os impostos indecentes praticados nesse país, como é citado na postagem, e também a falta de incentivos no setor e, o pior, os inúmeros obstáculos criados pelo próprio governo para que o mercado possa aderir/absorver as últimas novidades tecnologia, então cabe uma pergunta:
se os que travam por razões obvias, a entrada de tais aparelhos por aqui, são os mesmos que se lambuzam e se deleitam com o erário público, por que razão iriam facilitar ou ajudar em alguma coisa?