Brandeira Brasil

A Tecnologia e os eBooks no Brasil

14/02/2012
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O Brasil não é um exemplo mundial quando o assunto são os livros digitais. A estimativa é de que estamos três anos atrás de grandes mercados como o norte americano. Entretanto, 2012 promete ser o ano em que as coisas realmente irão acontecer, e por isso apresentamos aqui um apanhado sobre a tecnologia – tanto de aparelhos como de formatos – utilizada no Brasil.

Formatos

Até o momento, o formato mais utilizado para eBooks no Brasil é o PDF, o que é uma lástima. Como todos sabem, o PDF não é um formato de documento indicado para livros digitais, pois se lido em um dispositivo móvel nota-se grande desconforto, uma vez que não é possível redimensionar o texto, mudar a diagramação ou ainda trocar a cor do fundo.

epub logo

Entretanto, o ePub vem crescendo exponencialmente nas livrarias online. É possível dizer que mais da metade do acervo já é disponibilizado nesse formato. Há também algumas lojas e editoras que oferecem outros formatos, como o Mobi e até o antigo PRC.

As editoras estão aderindo ao formato padrão e, após certo tempo, já começam a perceber que o formato mais indicado é o ePub. Poucas editoras contam com equipes internas para desenvolvimento dos eBooks, e por isso estão surgindo muitas empresas que, entre outros serviços, oferecem a conversão dos catálogos.

Os livros aplicativo, geralmente desenvolvidos para iPad, são até o momento uma exceção no mercado. Além de o comércio de tablets não estar em seu auge no Brasil, o custo para a produção de um livro interativo ainda é muito alto no país. Com preços que variam de RS14 mil a R$30 mil (entre US$8 mil e US$17 mil), apenas grandes editoras estão se aventurando nesse caminho. É o caso da Editora Globo, com Reinações de Narizinho de Monteiro Lobato e da Editora Melhoramentos com O menino da terra de Ziraldo. Mas esse acervo interativo deve crescer em 2012.

Aparelhos de leitura

Para que o livro digital se popularize, é necessário que existam dispositivos para a leitura digital de fácil acesso – tanto econômico quanto tecnológico. E esse, infelizmente, também não é o caso por aqui. A interface mais utilizada para a leitura de eBooks no Brasil é o tradicional PC, seja desktop ou notebook. De acordo com dados da FGV, eram 60 milhões de computadores em uso em 2011, e serão 100 milhões em 2012. O principal local de acesso à internet é a lan house (31%), seguido da própria casa (27%) e da casa de parente de amigos, com 25%. Ao todo, 87% da população brasileira já está conectada.

Os smartphones são a segunda fonte de leitura digital, seguidos por tablets e, por último, os eReaders. Essa diferença em relação a outros países está no custo. O preço dos computadores caiu bastante nos últimos três anos, e muitas famílias puderam adquirir um. Entretanto, tablets e eReaders possuem preços assustadoramente altos e ficam fora de alcance de grande parte da população.

kindle-touchMas, falando nos aparelhos portáteis, já encontramos vários modelos de tablets por aqui. Além do popular iPad, empresas como Motorola, Samsung, RIM, ZTE e Asus oferecem seus aparelhos para venda. Empresas brasileiras também possuem aparelhos próprios, como o Positivo Ypy e o Multilaser Elite, mas alguns deles são produtos importados da China que apenas levam a marca brasileira.

Quando falamos de eReaders, a situação fica péssima. São apenas alguns modelos disponíveis, que perdem feio em qualidade para os melhores e mais baratos disponíveis nos Estados Unidos. São aproximadamente seis aparelhos de tinta eletrônica, e alguns são tão fracos que não merecem a compra. Além do Positivo Alfa, brasileiro, temos oficialmente dois modelos da iriver, o Story e o Cover Story. Um dos primeiros a chegar ao mercado foi o Cool-ER, da falecida Interead, que é vendido até hoje por aqui. O Kindle é oficialmente enviado para o Brasil, e rumores informam que seu preço poderá chegar a R$199 (~US$115), o primeiro que seria vendido a menos de US$200 por aqui.

Muitos impostos

O grande vilão dos preços altos são os impostos. No Brasil, a taxa de importação para aparelhos eletrônicos chega a ser de até 60%. E mesmo quando os aparelhos são fabricados no Brasil, como é o caso da Samsung – e, futuramente, Apple –, impostos sobre componentes e outros itens acabam encarecendo demais os aparelhos. Temos no Brasil os preços mais altos do mundo em relação aos produtos da Apple, por exemplo. Enquanto o modelo mais simples de iPad custa US$499 nos Estados Unidos, é vendido no Brasil por R$1629 (~ US$943).

A situação dos eReaders é ainda pior. A baixa demanda e os altos impostos fazem com que um aparelho de leitura fabricado no Brasil – o eReader Positivo Alfa – seja disponibilizado a R$799 (~ US$462), enquanto que um Kindle – de qualidade superior – pode ser adquirido por US$79 nos Estados Unidos . Uma diferença gritante.

Há projetos de Lei que tramitam no governo Brasileiro e que visam diminuir o valor de aparelhos como tablets e eReaders. A Lei, entretanto, não sai, e os produtos continuam muito caros, importados ou não.

Em 2012

Nesse ano, é esperado que bons ventos tragam um crescimento no mercado tecnológico em geral. Mais tablets serão adquiridas, e a possível chegada de empresas como Amazon, Google Books e Kobo, prometem esquentar bastante o mercado de livros digitais.

 

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  1. Nossa Stella, depois que li mais esta excelente postagem, fiquei sem saber se gritava de desespero, chorava de raiva ou xingava os que travam toda a coisa.

    Acabei optando por registar algo de minha indignação, espanto e vergonha.

    A primeira coisa que salta à minha frente, é que o governo e sua cúpula, tudo fazem para dificultar a cultura, o conhecimento e a conscientização da grande massa deste país.

    O que mais pode ser?

    A tal “ficha limpa” deveria forçar e ter alguma influência nesse sentido. Mas infelizmente sou incrédulo nesse sentido.

    De que adianta “a minoria consciente” mudar em quem vota, trocar de legenda, enfrentar “PMs” e coisa e tal, se é lá na meio da “tribo engravatada”, que as coisas são decididas, resolvidas e mantidas?

    Só para se ter uma ideia, no meu caso em particular, pesquisei entre mais ou menos 100 pessoas do meu convívio familiar, mais o de amizade e também entre os mais chegados, e descobri que apenas eu possuo um eReader.

    A maioria disse ser caro, ou ser supérfluo, ou vão esperar ficar mas barato, etc.

    Ora, dessa maneira, e com os impostos indecentes praticados nesse país, como é citado na postagem, e também a falta de incentivos no setor e, o pior, os inúmeros obstáculos criados pelo próprio governo para que o mercado possa aderir/absorver as últimas novidades tecnologia, então cabe uma pergunta:

    se os que travam por razões obvias, a entrada de tais aparelhos por aqui, são os mesmos que se lambuzam e se deleitam com o erário público, por que razão iriam facilitar ou ajudar em alguma coisa?

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