Adam Critchley, do site Publishing Perspectives, publicou um ótimo artigo fazendo um apanhado geral de como está o mercado espanhol de livros digitais. Considerado um temporão, o mercado de eBooks na Espanha está despontando somente agora, com uma pequena participação de 0.3% no total, comparado com 20% nos Estados Unidos. A chegada da Amazon ajudou, mas já existem editoras por lá que estão batalhando pela qualidade e pelos consumidores.
Critchley conversou com Xavi Solà, diretor da Casa del Libro, uma das maiores livrarias do país e a mais expressiva em catálogo de eBooks. Segundo Solá, a livraria lançou no final de novembro seu próprio eReader, o Tagus. Com tela de seis polegadas e Wi-Fi, o aparelho de tinta eletrônica já vêm com o dicionário da Real Academia Española embutido, e também com o romance El imperio eres tú do premiado autor Javier Moro.
Líder do mercado de eBooks na Espanha, com vendas previstas de 40 mil títulos este ano, mas que ainda representam apenas 1% das suas vendas totais, e um terço do total de 120 mil eBooks vendidos por todos as lojas, a Casa del Libro possui um catálogo de60 mil títulos, enquanto que a Amazon possui “apenas” 22 mil.
Além do enorme acervo disponibilizado, o Tagus oferece espaço de memória na nuvem e memória interna para até 1000 livros. Os eBooks podem ser escolhidos via navegador e lidos offline em outros aparelhos como em smartphones Android, graças a um aplicativo. O preço de €119 segue uma estratégia de prover um acessório aos clientes, e não mais uma forma de receita.
“Nós não estamos vendendo o equipamento, mas sim uma solução”, Solà me diz. “Experiências anteriores dos leitores com eBooks tinham sido tão frustrantes e o processo de compra foi tão difícil que se tornou mais fácil adquirir livros sem pagar por eles. Nosso objetivo é facilitar a compra e a leitura do eBook em vários dispositivos. “No entanto, enquanto o Tagus remove as barreiras técnicas, o imposto de 18% sobre os eBooks, que Solà descreve como “injusto”, continua a ser um impedimento para a popularidade do formato.
A loja espanhola do Kindle só chegou agora no primeiro dia de dezembro, trazendo 22 mil eBooks em espanhol, catalão, gaulês e basco. O valor do Kindle é de €99. Logo atrás está o Google Books e Google eBooks, que estão apenas no aguardo das adaptações finais de seus preços à lei de preço fixo presente na Espanha. Luis Collado diretor do Google Books e Google eBooks para Espanha e Portugal, afirma que a empresa pretende fazer leitura a de eBooks “tão fácil como usar e-mail.”
Na Espanha, os consumidores de eBooks têm tido dificuldades com o complexo processo de compra e download de livros com DRM, sistema baseado em Adobe prevalente no país, exigindo uma média de 14 cliques em comparação com único clique Amazon e 60 segundos de tempo de download. O Google também promete uma grande catálogo, tendo assinado acordos com cerca de 200 editores, segundo Collado.
Com a chegada desses dois gigantes americanos, outras lojas e editoras resolveram se mexer. As pequenas livrarias virtuais Leqtor e Amabook, terão uma tarefa mais difícil. Esta última tem um catálogo de 5 mil livros cobrindo 70 editoras e terá de manter um nicho para sobreviver. “Vai sacudir o setor, que é o que nós queríamos, mas obviamente eles vão trazer concorrência direta”, disse Ricard Fideu, da Amabook. “A Amazon vai beneficiar o setor no curto prazo, mas, a longo prazo, vai forçar muitos e-livreiros a fechar.”
Solá está positivo: “Todas as novas contribuições para o mercado espanhol são positivas e vão estimular a venda online de livros. Se fizermos nosso trabalho bem, a Amazon deve nos afetar de forma positiva e não o contrário. Somos apoiados por uma rede de livrarias que dá confiança aos consumidores, com 60 mil eBooks disponíveis, 1,5 milhões de livros impressos em nosso catálogo e sete milhões de visitantes mensais ao nosso site. “