As presidentes da CBL e do SNEL comentaram, ontem, o que suas entidades esperam com a chegada da Amazon no Brasil. Cada um de nós deveria parar e se perguntar a mesma coisa, para refletir seriamente sobre o assunto. O que você espera da chegada da Amazon no Brasil? Qual seria a sua resposta?
A minha, seria esta:
As empresas de tecnologia não estão vindo para fazer parte do mercado editorial já existente. Isso vale para a Amazon, Apple, Google, e outras empresas. Elas não tem qualquer compromisso com mercados locais, com a cadeia do livro, etc. O único compromisso que têm é com seus acionistas. Não querem saber se os eBooks vão levar livrarias à falência, como fizeram com a Borders nos EUA, ou se algumas editoras poderão quebrar, com a concorrência da auto-publicação em eBook. O compromisso destas empresas é com suas projeções de lucro. Com elas não tem acordo. Não tem conversa. Não existe tapinha nas costas. E é muito bom que seja assim. Competição é a coisa mais saudável depois da transparência.
É preciso evitar as ilusões. Nos EUA, a Amazon já tem editora, auto-publicação impressa e digital, livraria online, aparelho para comprar os livros… parece bastante claro qual é o projeto da empresa: se tornar um oligopólio, controlar todas as etapas da cadeira produtiva do livro, de ponta-a-ponta. Com mais eficiência do que qualquer concorrente. Produzindo e entregando os livros mais rápido do que qualquer concorrente. No dicionário da Amazon, não existe a palavra “parceria”. Ela tem fornecedores, empregados e clientes. Basta ver o caso da livraria Waterstones, na Inglaterra – se tornou “parceira” da Amazon, mas em condições que ameaçam completamente as bases do seu negócio a longo prazo. Um contexto bem semelhante ao vivido pela Borders, que também era “parceira” da Amazon, e teve o destino que teve.
A Amazon dará uma chacoalhada no mercado. Quem prefere acreditar no contrário, puxe a sua cadeira e espere, porque a expectativa de uma Amazon cordial é ilusão. A sacudida virá, frutas vão cair. Talvez as primeiras a cair não sejam as pequenas livrarias, porque o Brasil é imenso e difícil, como lembrou durante a semana o presidente da Saraiva. Mas assim como o videocassete e os shoppings mataram os cinemas de calçada em todas as cidades, os tablets/ereaders e as livrarias online também farão as suas vítimas (só para variar o batido exemplo do MP3). Está acontecendo em outros lugares. Vai acontecer aqui. E não adianta se desesperar. Temor e tensão é sentimento de quem está acuado, de quem vai ser pego de surpresa. Há 3 anos se cogita a possibilidade da Amazon vir ao Brasil. Quem vai ser pego de surpresa? Todos tiveram bastante tempo para se preparar. O nível vai subir, está subindo neste momento. Para quem se preparou, ou se preparar – porque ainda há tempo, a recompensa serão muito mais oportunidades, do que ameaças.
E você, o que espera da Amazon chegando no Brasil?
Perfeitas colocações Eduardo.
Após ler este e tantos outros posts sobre o assunto aqui tratado, tenho bons e maus pressentimentos como qualquer outra pessoa que ama a leitura, precisa do seu emprego, se preocupa com a situação de outras pessoas, com os rumos do mercado, etc.
A situação é tensa e cheia de incertezas de “como será” e o que causará!
Meu ponto de vista é de que tudo é questão de adaptação e acomodação.
Inevitável todos sabemos que é, afinal, o quê ou quem pode impedir que tais mudanças que se anunciam a algum tempo, ocorram?
Minha opinião e visão é simplória, eu sei. Estarei acompanhando aqui a opinião e visão de todas as pessoas. Estou curioso!
Este assunto é bastante sério!
A Amazon não esta vindo para dividir o pão e viver no mundo feliz e sorrindo com as demais Editoras. Ela esta vindo para ganhar, ganhar e ganhar. Money, money, money