Nesse universo tecnológico em que habito, deparei-me com um desafio: como conseguir uma formatação adequada para o Aldiko (software leitor gratuito usado em tablets e aparelhos celulares)?! Quando fiz o curso para aprender a trabalhar com ePub, o professor nos alertou sobre esse fato. Ele nos disse que conseguir uma formatação adequada para o Aldiko era muito difícil, muito chato. E, posso afirmar, concordo com ele.
O que ocorre é que, às vezes, criamos um material que fica perfeito em um iPad, por exemplo, mas em outro tablet, ele já não fica tão bom assim. Ou melhor, nada bom, perde toda a configuração, o texto não fica justificado, o estilo de citação desaparece e o texto fica do início ao fim com o mesmo formato. Por que isso ocorre? A resposta é simples: particularidades de cada aparelho e/ou formatos de arquivos!
Mas calma, não vamos nos desesperar. É possível, com algum esforço conseguir sim, um bom formato, da forma mais abrangente possível. Com o avanço da tecnologia, no desenvolvimento dos tablets, a cada dia surgem novos aparelhos que passam a suportar mais funcionalidades. Por exemplo, enquanto estou aqui frente ao desafio do Aldiko, o mercado já está aguardando a definição final do esquema do ePub 3 e suas especificidades.
O fato é que embora sabendo tudo isso, faz tempo eu vinha “lutando contra” o Aldiko, fazendo inúmeros testes para chegar, enfim, a uma formatação mais adequada. Criei uma forma de fazer isso usando de uma espécie de sobrecarga de “métodos” (não, não é Java, mas está parecendo) – na verdade trata-se de uma sobrecarga de estilos.
Como fiz isso? O CSS é uma Folha de Estilo em Cascata, você pode colocar um estilo dentro de outro, um estilo subordinado a uma tag. Enfim, há várias formas de trabalhar, de realizar esse processo. É possível aplicar o estilo direto na tag, também é possível criar um bloco de estilo dentro da página em que estamos trabalhando ou, ainda, é possível criar uma folha inteira com todos os estilos, a qual poderá ser usada em todas as páginas de seu documento.
Isso deu certo porque o Aldiko lê uns estilos daqui, outros dali e, assim, fui conseguindo criar uma forma de fazer com que a formatação ficasse um pouco mais próxima da que eu desejava. O cruel foi saber, depois de todo esse empenho, que o Aldiko tem um segredinho: um menu que vem por padrão com a habilitação de uso de folhas de estilos desativada. É só ativar essa opção e o ePub aparece perfeito, com todos os estilos criados aplicados, lindo!
Se o software viesse com essa opção habilitada por padrão, não haveria necessidade desse malabarismo de códigos. Agora, se quem desenvolve demora para descobrir esse recurso; se quem dá o treinamento também desconhece; o que acontece com um leitor-usuário – apenas consumidor?!
O usuário compra o aparelho com esse software e quer ler. Ele quer baixar o texto, e que ele venha pronto! Ele não vai procurar no seu tablet um menu para habilitar ou desabilitar o uso ou não de CSS! Ele olha isso e nem sabe de que se trata. E não deve saber mesmo. Afinal, por que deveria se preocupar com isso?
Nesse cenário inovador e dinâmico, quem desenvolve os sistemas e aparelhos tem o dever de descobrir a melhor forma de suprir as necessidades do cliente! Para quem desenvolve os ePubs, conhecer as particularidades de cada aparelho (software ou hardware) é a melhor opção para atender o cliente da forma como ele espera. Do contrário, os ePubs funcionarão sempre perfeitamente no iPad, porém serão sempre uma incógnita em relação as outras possibilidades.
Isso acontece também com outros programas leitores, ainda estamos no estágio onde o software tenta decidir a melhor forma de apresentar o texto. Isso é ridículo, não há algorítimo no mundo capaz de saber de antemão todas as formas de apresentação do conteúdo. Enquanto essa escolha não estiver nas mãos dos produtores e não dos programas, o livro eletrônico fica limitado em suas possibilidades. O Webdesign passou por isso também, mas já é algo superado.