Os livros digitais no workflow de uma editora – artigo


Revolução E-book

Já está sendo tudo um tanto quanto assustador para todos os envolvidos no processo de produção de um livro: editores, editoras, designers, produtores editoriais, autores, revisores, enfim, toda a equipe. O livro digital (ebook) chegou há anos, e agora parece estar querendo comer um enorme pedaço do mercado do livro de papel.

Eu já disse aqui muitas vezes, e repito: não será tão cedo que as editoras se sentirão fatalmente ameaçadas pelo ebook, mas não custa nada começar a analisar as mudanças que esse novo produto irá trazer ao workflow da produção de um livro, já que ter esse produto em sua “prateleira” é sinal de modernização e acompanhamento de tendências.

• Inserir ou não o livro eletrônico junto ao worflow do livro comum? Bem, uma hora dessas isso terá que ser feito. Andar em separado com esses dois produtos vai significar um desastre. Infelizmente, isso deve significar mais trabalho para o produtor editorial, mas boas editoras com certeza deverão ter profissionais especializados para o acompanhamento e a checagem desse novo produto em seu catálogo.

Não é esperto separar o ebook do workflow normal do livro porque você pode acabar com dois arquivos diferentes, com padrões diferentes e conteúdo diferente. Nem todos os padrões de um livro físico serão levados ao ebook e vice-versa, mas alguns deles deverão ser mantidos, assim como certos conteúdos que deverão estar presentes em ambos os arquivos.

• Quantos formatos? Quem pensa em ebook e é do ramo editorial logo pensa em PDF. E que fácil seria se livros digitais fossem apenas PDFs, já que bastariam apenas pequenos ajustes após enviar o arquivo final à gráfica. Mas não é bem assim. PDFs funcionam bem em computadores, netbooks e até no iPad, mas quando falamos de leitores específicos de ebooks, estamos falando de ePub, Mobi e outros enigmas para designers gráficos e produtores editoriais. É, vai dar dor de cabeça por um tempo, mas será totalmente necessário para a editora se adequar a esse novo glossário. Além desses, também podemos considerar os formatos TXT, RTF, DOC, entre muitos outros… de repente, o que era só UM livro, passa a ser vários.

Existem softwares que podem transformar livros e textos nesses formatos em questão de segundos. Entretanto, você confiaria em alguém que fecha um livro transformando um DOC em PDF e enviando à gráfica? Não, né? Então ficar “transformando” livros em diversos formatos apenas com a ajuda de softwares não é uma boa ideia. Talvez isso demande a contratação de gente nova.

• Novos freelancers? Daí vem a grande dúvida. A editora mantém os atuais designers de livros e diagramadores que possui ou passa a acreditar no novo formato? Sim, porque para fazer ebooks, não é preciso manjar de tipos de papel, tinta e gráfica. Será necessário entender, principalmente, de XHTML, e também de CSS, Javascript, entre outras coisas que arregalam os olhos de pessoas que passaram anos e anos mexendo com nanquim, Pagemaker e agora InDesign.

Caberá à editora a inclusão desse novo profissional em seu workflow. E isso irá significar que o editor de arte e o produtor editorial terão que ter noções desses novos formatos para saber se está tudo andando nos conformes. Se for apenas um PDF até que passa, já que arquivo fechado que é enviado pra gráfica quase sempre vai nesse formato. Mas e o ePub? Quem vai checar se os padrões estão corretos, se o código está correto? Isso é grego para a maior parte das pessoas que trabalham em uma editora, que muitas vezes procuram trabalhos como esse justamente porque escolheram nunca ter que lidar com códigos, programação e internet… se esses dois profissionais fizerem um curso sobre XHTML e algum especializado em ebooks ao menos, todos os problemas tendem a diminuir. Mas, talvez seja necessário contratar alguém que entenda desse dobrado.

O QUE FAZER?

Às editoras, a melhor alternativa é passar a desenvolver, além de seus livros de papel, versões em PDF e principalmente em ePub de seus livros. Os custos finais dessa produção não serão tão maiores do que já são, e não há nada a perder. Os formatos estarão lá, disponíveis para quem quiser. E se não quiserem, podem comprar seus livros de papel normalmente em livrarias ou pela internet. Ah, ter um site bem feito, com loja virtual funcional, também será uma boa escolha.

Aos designers e outros relacionados à produção, a melhor alternativa é parar de tremer e ir atrás. Está mais do que na hora de apostar em novas habilidades e aprender a desenvolver ePubs de qualidade que atendam ao maior número possível de aparelhos eletrônicos. Não é tão difícil quanto você imagina, e você poderá continuar fazendo seus maravilhosos livros de papel. Possuir um pé de cada lado, inclusive, deverá garantir muito mais trabalho do que você pensa.

Portanto, prepare-se para entrar no mundo do código, seja você editor, produtor, designer, diagramador, freelancer, etc. Se você quer acompanhar o mercado e a evolução natural das coisas, deve saber que estar preparado para tudo é o que vale.

Os livros digitais no workflow de uma editora

 

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