por Chico Homem de Mello Artigo Publicado em “Os Desafios do Designer” Editora Rosari
O destino do livro impresso está na ordem do dia. Todas as questões em pauta – se ele vai ou não vai desaparecer, qual a natureza das mudanças em curso, qual a futura aparência dos e-books – passam pelo território do design. Temos o privilégio (e também a angústia) de sermos a geração responsável pela passagem de um sistema a outro, e a magnitude dos desafios colocados é de assustar qualquer um.
O que se fala dos e-books
Há muitas vozes criticando os e-books. Um dos pontos negativos apontados é o fato de neles não haver o calor presente no contato com um livro impresso. Sem querer macular a aura de um belo volume encadernado, é preciso reconhecer que usar esse argumento para desqualificar o e-book é confundir as coisas.
Comparemos com o mobiliário. A madeira é um material com um calor análogo ao do livro – afinal, madeira e papel pertencem à mesma família. A atmosfera de uma mesa de madeira deriva em parte do próprio material do qual ela é feita. No entanto, isso não nos leva à desqualificação das mesas feitas em material sintético. Móveis de madeira vão continuar existindo, com suas características peculiares, podendo inclusive representar o mais sofisticado design contemporâneo; no entanto, móveis de material sintético vieram para ficar. Cada um fala a uma determinada sensibilidade e é usado para produzir um determinado efeito.
Criticar os e-books por serem frios é cair no engano de declarar absoluta uma certa sensibilidade historicamente construída. Fala-se que e-books são trambolhos, pois não podemos carregá-los debaixo do braço, levá-los no ônibus ou colocá-los no colo para ler na cama antes de dormir. Verdade provisória. Só para se ter uma ideia do futuro próximo, » Continue lendo.